Parte 13

A loja de antiguidades de Solvang 

''Eu sempre me senti feliz que Solvang - uma cidade voltada para o turismo em estilo dinamarquês e muito próxima a Ballard - tem uma das maiores lojas de antiguidades na Califórnia: The Solvang Antique Center.

Ao longo dos anos tenho comprado e vendido muitas coisas lá. Michael e eu gostávamos de ir. Ele não podia ir durante o dia, assim eu convenci os proprietários - Ron e Julie Palladino - a abrir a loja na última tarde da noite para que pudéssemos percorrer minuciosamente.


Ele me chamava e me dizia para nos encontrarmos lá para explorar o local por completo. Não só a loja principal, mas todas as outras salas. Ele queria ver tudo. 

Ron Palladino
Nessas ocasiões Michael costumava usar um pequeno envelope de papel pardo com cerca de trinta mil dólares em dinheiro, que costumava ser gasto antes que a noite terminasse.

Ao comprar algo não sacava o dinheiro do envelope mas o contava em seu interior e retirava a quantia necessária para pagar. 

Muitas vezes ele perguntava a minha opinião sobre este ou aquele objeto. Tínhamos o mesmo gosto para as antiguidades, mas prefiro o jacarandá aos outros tipo de madeira e era no Barroco e folheados a ouro onde Michael colocava seus olhos. 

Eu dava a ele a minha opinião, eu não acho que mudava alguma coisa e em seguida, chamava Ron e ele dizia: "Eu quero aquela peça, mas eu quero que você me faça a melhor oferta que puder.''

Ron olhava para a etiqueta e pensava sobre o melhor preço e dizia para Michael. Se não se aproximasse do pensamento, ainda regateava com ele. Muitas vezes saía sem comprar a peça. Tudo o que ele comprava, eles entregavam no rancho no dia seguinte. 

Estive recentemente conversando com Ron sobre essas noites e ele disse que Michael tinha muito bom gosto para as antiguidades e tinha alguns relógios que demonstravam que ele sabia o que estava comprando. 

Uma noite, enquanto estávamos percorrendo o segundo andar da loja, Michael disse: "Barney, vou te pedir uma coisa e você tem que prometer dizer sim."

"Ok sim", eu disse.

"Eu vou comprar esse quadro que está na parede."

Ele apontou para uma imagem da enfermeira da Primeira Guerra Mundial segurando nos braços um soldado morto, o que me fazia lembrar da Pietá de Michelangelo.

"Quero que você a pendure na sala de espera do seu consultório. Acho que as pessoas irão gostar'', disse ele. Comprou-a e pediu que embrulhassem.

Ele a entregou para mim e eu lhe agradeci. Meus colegas e eu a emolduramos e a mantivemos exposta por alguns anos na parede da sala de espera da Clínica Médica da cidade de Solvang.